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Transcrição de áudio

Entrevista de Estela Sandrini para a Exposição Belos Caminhos em 2021 – Turma de Museologia – EMBAP/UNESPAR.

Na academia o que mais me chamava atenção era conhecimento técnico, da técnica. Então desenho nós tínhamos, assim, aula de sépia, aulas de grafite, tínhamos aulas de desenho a nanquim. E isso foi muito bem ensinado, principalmente pelo professor [Guido] Viaro, que também alongava um pouco essas aulas de desenho para aquarelas. Hoje a gente faz uma divisão completamente diferente né: O que é papel, o que é tela, e o que é instalação. O Professor [Theodoro] De Bona nos ensinava mais a Tinta a Óleo, naquela época não existia Tinta Acrílica, e o trabalho que ele nos ensinavam, a paleta que ele nos ensinou, era muito bem elaborada. Muitas vezes chegando até o exagero, da exigência. Mas era um professor que trabalhava com paisagem, que trabalhava com figura humana, principalmente o nu. 

 

A academia contribuiu para o conhecimento. Na época que eu estudei na Escola de Belas Artes nós tiramos disciplinas direcionadas: desenho, escultura, pintura e gravura. Na pintura, nós tínhamos... era dividido em outras disciplinas como a natureza morta, com a professora [Leonor] Botteri; pintura de nu com professor [Theodoro] De Bona, desenho era com professor Guido Viaro e escultura era com o professor [Arthur] Nísio; e sempre trabalhando com observação, a parte de tem conteúdo e criatividade era colocado para depois da escola de Belas Artes. Até então a gente só fazia desenhos de observação, pintura de observação e escultura de observação. A escola contribuiu com a parte técnica, com o conhecimento de técnicas para essas disciplinas. E o conhecimento histórico, da disciplina de História da Arte, dada pelo professor [Carlo] Barontini, bastante apegado à história da Arte Italiana – que nós brincávamos entre nós que o Giotto era o que existia de melhor Pintor no mundo. 

 

O professor [Waldemar Curt] Freyesleben era o professor de paisagem. Ele nos ensina a fazer as tintas, colocar as tintas e muito sua matéria da tinta. Se você ver o trabalho do professor Freyesleben, você vai perceber que tem muita matéria, tem muita tinta. Então o que contribuiu nesta época a academia…, não tô falando agora, foi justamente a parte muito bem dada por professores acadêmicos, que traziam da Europa toda informação necessária para que os artistas, do tempo que eu estava na escola, pudessem desenvolver seu trabalho mais tarde.

 

Escultura era..., nós tínhamos o professor [Adolph] Davi também, que nos ensinou fazer moldes de gesso, e o aluno do terceiro ano muitas vezes vinha para nossa sala do segundo ano, fazer o trabalho dele. Era muito livre, muito livre! De academia, mais parecia... era pouco, que aparecia mais era uma uma grande casa que se falava em arte, se discutia em Arte. Como nós só podíamos receber informações…  só podíamos não, só tínhamos  as informações de…  por livro,  os trabalhos eram muitas vezes bem independentes de qualquer movimento. Eu posso dizer que... eu tinha três colegas na última série né, que foram para a Bienal, trazendo vários trabalhos super contemporâneos, como João Osório e Fernando Calderari e a Helena Wong, que na Bienal eram muito singulares. 

 

Quanto ao conteúdo que nós poderíamos ter adquirido mais conhecimento, era necessário buscar fora da escola. Em cinemas, em livros, discussões políticas. Isso foi necessário para que nós pudéssemos descobrir, depois da Escola de Belas Artes, como adaptar a forma acadêmica com conteúdo que cada um dos artistas desejavam.

 

Somente fora da academia que era possível fazer a busca da sua própria linguagem. Discutir mais sobre a história da arte, discutir mais sobre o trabalho, e isso não era dado na Escola de Belas Artes, era dado mais fora. Cursos como… , por exemplo, que eu tive da Ludo Gonçalves em gravura, que eram cursos de verão. Cursos que eu tive de escultura fora da escola e depois a oportunidade que eu tive de morar em Buenos Aires, e aprender com o professor [Juan Carlo] Labourdette, que foi meu professor, dentro do atelier dele. Técnicas diferentes e tentar abstrair mais e sintetizar mais aquele desenho, aquela escultura e aquela pintura muito direcionada à academia. Fora os cursos de criatividade que nós fizemos. Então isso tudo foi fora da academia.

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